domingo, 22 de fevereiro de 2009

quase-alvorada

caminhando para o ponto, deixamos o chão e nos voltamos para o céu. e por que não o fizemos antes? que visão! a lua, esplêndida, tão próxima, nos mostrava suas marcas. o calendário dizia que era noite de crescente, mas ela estava incrivelmente cheia, sorrindo para nós. à princípio, alguém viu nos seus traços a forma de um coelho, mas logo enxergamos claramente olhos, nariz e boca. era a lua de Georges Méliès sorrindo e piscando para nós. a lua do mago nos lembrando que vida e arte não passam de beleza e ilusão. foi mágico ver aquela luazona olhando para nós. era tão perfeita que parecia de mentira. parecia que alguém a tinha pintado ali. e a qualquer momento descobriríamos em outro canto do céu a lua verdadeira, branca e distante, a desmascarar aquela impostora amarela, lindamente amarela, tão cheia de si, exibindo-se para nós. despedindo-se de nós.
eu só queria uma câmera para registrar aquele momento. mas será que a lente enxergaria a mesma lua que eu?