quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Duras

"Ele diz:
- O sol está ao nível do mar.
Uma poça de sol surgiu na parede do quarto, vem de debaixo da porta de entrada, é grande como uma mão, treme sobre a pedra da parede. A poça vive apenas alguns segundos. Seu desaparecimento é brutal, é arrancada da parede à sua própria velocidade, a da luz. Ele diz:
- O sol se foi, chegou e acabou como nas prisões.

Ela volta a colocar a seda preta no rosto. Ele não sabe mais nada, nem do rosto nem do olhar. Ela chora em leves soluços. Diz: Não é nada, é a emoção. Depois manda que a pronuncie com os próprios lábios sem nenhuma interrogação, sem objetivo: Emoção. "

(trecho de "olhos azuis cabelos pretos")

começo 2011 apaixonada pelo texto de Marguerite Duras, primeiro com "O Amante", e agora com esse belo romance.