quinta-feira, 30 de abril de 2009

sábado, 11 de abril de 2009

parce que moi je rêve...


se nada der certo, 
eu viro cínico

mas por ora, não

não me diga que o mundo é um moinho
não me mostre as suas sujeiras
não me diga que o amor é uma piada 
de mau gosto

deixe o cinismo para os mais velhos 
ainda somos tão jovens, meu bem

não me venha com desculpas hipócritas
com esse discurso de quem já perdeu tudo
e cultiva apenas amargas memórias

deixe o cinismo para os mais velhos 

meu bem, 
será que não vê o infinito nas linhas das mãos?
não notou a eternidade nos nossos joelhos?
e a verdade silenciosa que habita no sexo?

venha, deite aqui
deixe o cinismo para depois 
para o amanhã que nunca chega
para quando tudo for saudade

deite
fique
que o agora é só presença
e o sonho é um beija-flor que não se cansa

sobre a solidão e seu remédio

Lonely Girl - Tara McPherson

"Como seria preferível entender que somos sempre solidão e partir desta verdade" 
(Rilke - Carta VIII - 1904 - "Cartas a um jovem poeta")

"O homem é dotado de razão; é a vida consciente de si mesma; tem consciência de si, de seus semelhantes, de seu passado e das possibilidades de seu futuro. Essa consciência de si mesmo como entidade separada, a consciência de seu prórpio e curto período de vida, do fato de haver nascido sem ser por vontade própria e de morrer antes daqueles que ama, ou estes antes dele, a consciência de sua solidão e separação, de sua impotência ante as forças da natureza e da sociedade, tudo isso faz de sua existência apartada e desunida uma prisão insuportável. Ele ficaria louco se não pudesse libertar-se de tal prisão e alcançar os homens, unir-se de uma forma ou de outra com eles, com o mundo exterior"
(...)
"O primeiro passo a dar é tornar-se consciente de que o amor é uma arte, assim como viver é uma arte; se quisermos aprender como se ama, devemos proceder do mesmo modo por que agiríamos se quiséssemos aprender qualquer outra arte, seja a música, a pintura, a carpintaria, ou arte da medicina ou da engenharia"
(Erich Fromm - "A Arte de Amar" - 1988)

"Toda aprendizagem é uma época de clausura. Assim, para o que ama, durante muito tempo e até durante a vida, o amor é apenas solidão, solidão cada vez mais intensa e profunda. O amor não consiste em uma criatura se entregar, se unir a outra logo que se dá o encontro. (Que seria a união de dois seres ainda vagos, inacabados e dependentes?) O amor é a oportunidade única de sazonar, de adquirir forma, de nos tornarmos um universo para o ser amado"
(...)
"Este será o amor que, combatendo duramente, agora preparamos: duas solidões que se protegem, se completam, se limitam e se inclinam uma para a outra"
(Rilke - Carta VII - 1904 - "Cartas a um jovem poeta")


Comecei a ler A Arte de Amar enquanto lia Cartas a um jovem poeta. Incrível como os dois dialogam. E como já pensei nisso tudo (assim como todo mundo), mas nunca consegui escrever tão bem. A dica de A Arte de Amar foi do querido muminha